quinta-feira, 8 de março de 2012

Mirrors

Uma sala sem portas ou janelas, mas repleta de espelhos, e algumas velas que nunca se gastam, queimando eternamente.

Dentro da sala, uma mulher faz dos espelhos suas janelas. Pode ver o mundo através deles. Tudo o que é refletido em qualquer espelho ou em qualquer superfície que provoque alguma reflexão. Pode ver tudo que é refletido em qualquer lugar intercalando lugares em seus espelhos com o pensamento, como se seu espírito vagasse por aí.

Nem se sabe mais direito por que está alí, mas parece que desagradou à uma feiticeira muito bonita e vaidosa, com olhos poderosos, capazes de ver através das coisas e ler pensamentos através dos olhares. Daí o porquê de tal maldição.

Controla o que vê escolhendo os feixes de fótons de quê sentido deseja ver no momento, como se virasse os olhos observando ao redor nos lugares em que se encontram seus espelhos (a direção dos feixes de fótons que vê é sempre a mesma – em direção ao espelho).

É amiga invisível dos caprichosos. Gosta de ver a paz das montanhas através do Titicaca. E até se diverte com os vultos dos navios, baleias, golfinhos e gaivotas no nervoso oceano. Mas quando está cansada e quer dormir prefere os espelhos das famílias judias que se encontram em luto.

Já se acostumou com o fato de a muito tempo não ver mais o próprio rosto. Já se acostumou também a estar na mira do olhar de todos e nunca ser vista.. Mas quando vê olhos que olham longe, e não para si mesmos, olhares que viajam além do que está logo em frente, chega a ter a impressão de estar sendo vista.

Conhecera a história “Alice no País das Maravilhas” através do que outros liam ou viam próximos a um espelho. E enlouqueceu de esperanças de um dia poder passar através de um espelho, ou ainda que alguém viesse a fazê-lo para que lhe fizesse companhia...



(isso teve uma sequencia interessante na comunidade "Histórias coletivas" do falecido órkute.)

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