quinta-feira, 8 de março de 2012

Mirrors II

          Ele caminha cabisbaixo pelas ruas desertas e pelas movimentadas também, não importa. O seu olhar triste, debaixo do cangol, à ninguém pode ver. Sejam apenas alguns passantes, ou milhares deles em calçadas tumultuadas. Apesar disso ele nunca se choca com ninguém. E tem medo do que poderia acontecer em tal caso.
          Pára em frente às vitrines, e é quando pode ver quem passa ao seu lado através do reflexo nas vidraças. Um menino que pára por um instante ao seu lado sorrí marotamente para sua imagem. Mas quando olha para o lado, ninguém está lá. O menino se foi.
          Numa poça d’água acompanha as canelas apressadas dos que fogem da garoa. Nem se importa com ela. Não é tormento maior do que estar sozinho em um mundo onde a presença dos demais só se faz pelo reflexo das superfícies espelhadas. Sua única janela para a companhia de outrem.

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