"...voltar pra minha cidade e casar com o Cláudio", dizia a Aninha. "Teu nome é Cláudio?", "Não", eu respondia, "Qual o teu nome mesmo... difícil teu nome, eu nunca lembro", ela ria, "Posso te chamar de Cláudio?", "Não!", eu proibia sorrindo. A Aninha era a minha putinha preferida do cabaré da véia Dóra.
O Inácio era um conhecido do pessoal, e as vezes, quando estávamos por lá, ele chegava. Era irmão de um modelo profissional, realmente parecido com o irmão, tinha mesmo um sucesso acima da média com as mulheres. "Inácio... adoro homem alto!", ela suspirava. Ao perceber que estava ao meu lado, ela se virava rapidamente, "também, gosto de baixinhos...", retrucava com encantadora avidez. "Claro que sim", eu lhe sorria.
Ela pretendia juntar algum dinheiro e voltar à sua cidade pra se casar. O Cláudio estava lá esperando. Devia talvez pensar que ela trabalhava como babá em alguma "casa de familia". O que não era totalmente uma inverdade. O ofício as vezes se assemelhava à isso, e a véia Dora se referia às meninas como suas filhas.
Sempre me intriguei com essas pessoas que vão para outros paízes, como os Estados Unidos, trabalhar em sub-emprego, como faxina, no mac donalds, ou ambos... Não me agradava a idéa, e isso era sustentado por uma frase dita pelo Peréio numa entrevista: "preferem ser rabo de leão do que cabeça de galo!"
Agora fico imaginando a situação de alguém que vai ser puta em Uruguaiana... <: -)
Fico imaginando ela lá em Ijuí, num momento de necessidade, sendo "descoberta" por um desses "olheiros", tipo os de futebol, com uma proposta de oportunidade financeira em um "intercambio" cuja distância garante um alto nível de sigilo...
Falando em olheiros e putas, diz que a Tia Carmen mudou de ramo, entregou a casa pra alguém e passou a agenciar jovens jogadores de futebol. Deve ter vindo da própria clientela a vislumbre dessa possibilidade. Pelo menos foi o que me contou um taxista. Outro desmentiu.
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